Observando os
índices de aproveitamento da educação
Brasileira, no que diz respeito ao
ensino de ciências, constata-se um baixo
desempenho apresentado pelos alunos
tanto do ensino fundamental quanto do
ensino médio. Com a finalidade de
analisar o que tem sido investigado por
professores e pesquisadores da área
especifica de ensino de física. Foi
realizado um apanhado de artigos
científicos em periódicos nacionais
conceituados, bem como tese de mestrado
profissionalizante, desta área. Ao fazer
uma revisão da literatura, de caráter
preliminar, verificamos que Pena e Filho
(2009) investigaram a partir da análise
de relatos de experiências pedagógicas
publicados em periódicos nacionais da
área de Ensino de Física, as
dificuldades apontadas por professores
e/ou pesquisadores para o uso da
experimentação no ensino de Física. Os
resultados obtidos indicaram que os
principais obstáculos são: falta ou
carência de pesquisa sobre o que os
alunos realmente aprendem por meio de
experimentos, despreparo do professor
para trabalhar com atividades
experimentais e condições de trabalho.
Laburú et al.
(2007) investigaram as razões
particulares que levam professores de
física do ensino médio a utilizar ou não
atividades experimentais. Partindo do
pressuposto de que as atividades
experimentais em física são importantes
para o ensino, buscaram compreender,
essencialmente, as razões para o
“fracasso experimental”, no sentido da
pouca importância dada a essa prática de
ensino, constatável pela ausência
praticamente generalizada de atividades
empíricas de física nos colégios.
Associaram a relação com o saber
profissional do professor de física com
essa pouca prática instrucional.
Fundamentados numa leitura das ideias de
Charlot, encaminharam uma linha de
argumentação que procura reinterpretar a
insuficiência da explicação alicerçada
na falta ou ausência de algo que está
comumente disseminada na literatura em
educação científica. Concluíram que o
fracasso na formação do licenciado em
física, se deve a inexistência de um
mínimo de concatenação entre teoria e
evidência durante a práxis desses
profissionais.
Os
autores Andrade e Massabni (2011)
salientam que as atividades práticas
contribuem para o interesse e a
aprendizagem em Ciências, especialmente
quando investigativas e
problematizadoras. Assim, o objetivo foi
entender como professores de Ciências do
Ensino Fundamental percebem estas
atividades, bem como saber se são por
eles utilizadas e os motivos para o seu
uso/não uso no cotidiano da escola. Para
isso, foram entrevistadas professoras de
Ciências, que indicaram raramente
utilizar atividades práticas e terem
dificuldades nesta utilização. Quando o
fazem, é após aulas teóricas, para
apenas ilustrar a teoria. Justificam
raramente recorrerem a tais atividades
pela insegurança, falta de apoio e
infraestrutura da escola. As professoras
afirmam valorizar as atividades
práticas, mas as percebem apenas como
complemento para as aulas teóricas.
Entendem serem necessárias mais
atividades práticas, porém ficam
angustiadas por não conseguirem
desenvolvê-las nas condições de
trabalho. Considerando as dificuldades
apontadas, são oferecidas sugestões para
se promoverem estas atividades no
sistema público de ensino brasileiro. A
conclusão dos autores é que os
professores têm consciência da
importância das aulas experimentais, ao
mesmo tempo levantam obstáculos para a
não realização das mesmas, em retorno
aos dados coletados os autores sugerem
ações de âmbito didático pedagógico e
administrativo para a viabilização das
mesmas.
Neves et
al. (2019) apresentam uma proposta de
adaptação de um dos experimentos sobre a
natureza dos raios catódicos realizado
ao final do século XIX, especificamente,
aquele apresentado em livros didáticos e
de divulgação científica como “o
experimento de Thomson” para o cálculo
da relação carga/massa do elétron. Uma
das ênfases é a proposta de utilizar
materiais com custos inferiores aos de
kits de experimentos disponíveis no
mercado internacional e apresenta uma
descrição pormenorizada da sua
construção e operação, concorrendo, em
vários aspectos, como solução para
alguns dos motivos relacionados à pouca
utilização dos experimentos nas aulas de
ciências: o custo elevado dos materiais
e dos equipamentos, a falta de
laboratórios e a falta de habilidade dos
professores. A elaboração do aparato
experimental é ainda acompanhada do
desenvolvimento matemático necessário à
sua utilização e da indicação dos vários
fenômenos físicos que podem ser tratados
paralelamente à sua implementação. Com a
adaptação experimental, foram capazes de
medir e calcular o campo magnético a que
os elétrons são submetidos no interior
de um tubo de raios catódicos, a
diferença de potencial entre catodo e
anodo no tubo (tensão de aceleração dos
elétrons), a deflexão magnética. A
conclusão é que mesmo utilizando
materiais simples reduzindo custos e,
portanto, viabilizando a realização do
experimento, não houve prejuízo no
objetivo proposto, pois os resultados
quantitativos alcançados foram
satisfatórios, como salientam os
autores.
Medeiros
et al. (2018) investigaram as
percepções, sobre Inércia, de 30
estudantes do Ensino Médio de uma Escola
de Porto Nacional, TO. A partir de um
questionário, observou-se que os
estudantes, mesmo após o conteúdo ser
lecionado em sala de aula, não
conseguiram conceituar o termo inércia
(apenas 1 estudante foi capaz). Quando o
assunto foi tratado de maneira aplicada,
com exemplos de corpos em repouso ou em
movimento constante, um quantitativo
maior foi capaz de responder
corretamente (relação de inércia com
movimento – 15 estudantes; relação de
inércia com repouso – 7 estudantes).
Outro destaque é o pequeno número, 12 em
30 estudantes que foram capazes de
afirmar existir e exemplificar inércia
no cotidiano, mostrando a dificuldade do
grupo de estudantes em tratar o tema.
Diante dessa realidade, elaborou-se uma
oficina de ensino para tratar inércia de
maneira experimental, interativa e
considerando as concepções dos
aprendizes. Dez dias após a oficina,
reaplicou-se o questionário para
comparar as respostas antes e após a
oficina. Os resultados mostraram uma
melhora significativa para todas as
questões, em quantidade de respostas
corretas e na elaboração de tais
respostas, o que ajuda a indicar que
experimentos e concepções prévias podem
auxiliar na melhor aprendizagem. A
análise dos resultados leva a conclusão
de que atividades experimentais bem
planejadas contribuem para a melhor
compreensão dos fenômenos estudados em
termos de signos e linguagem.
Rosa
(2018), a partir de observações sobre as
dificuldades dos alunos, apresenta uma
proposta de ensino, diferente da
tradicional com giz e quadro-negro.
Assim, uma classe experimental foi
utilizada para verificar o processo da
curva de aquecimento de água através de
um gráfico de temperatura x tempo,
usando uma planilha de computador e um
kit experimental com a plataforma
Arduino. A metodologia de ensino
utilizada foi a experimentação,
escolhida devido ao grande potencial de
atratividade da mesma, visando sempre o
envolvimento e participação dos alunos
nas aulas. Como teoria de ensino, Lev
Vigotski foi usado devido à comparação
das lições com seus estudos de
internalização. Primeiro, esperava-se
que os alunos pudessem ler o gráfico
matematicamente, identificar o
comportamento da função relacionada que
a representa e seus coeficientes, pois
quando existe uma variação de
temperatura entre zero e cem graus
Celsius, o gráfico formado é uma linha
de coeficiente angular diferente de
zero. Em um segundo momento, espera-se
que os alunos possam prever e calcular
os valores da curva, como ponto de
ebulição, quantidade de calor em todos
os momentos da curva, potência térmica
das chamas das velas, etc. Em um
terceiro momento, os alunos analisaram
se o aprendizado era lucrativo diante do
tipo de classes tradicionais com as
quais estavam acostumados no dia a dia;
se através da aula experimental, eles
poderiam ser mais engajados e perceber
isso nos colegas. O autor conclui que
aulas experimentais tem grande aceitação
junto aos alunos e que são fundamentais
como estratégia de ensino.
Carmo e
Carvalho (2009) analisaram a
construção da linguagem gráfica em uma
sequência de aulas sobre calor e
temperatura, inserida em um laboratório
investigativo. A pesquisa foi
desenvolvida a partir de filmagens em
uma turma do segundo ano do Ensino Médio
de escola pública da rede estadual de
ensino de São Paulo. Destacaram o papel
do professor na medida em que ele
articula as linguagens à sua disposição
(oral, escrita, representações visuais
entre outras), pelos processos de
cooperação e especialização, com o
objetivo de traduzir a linguagem
coloquial e fenomenológica em linguagem
científica, ressaltando as
características tipológicas de cada
linguagem, tornando o fenômeno visível
ou transparente no gráfico e vice-versa
aos olhos dos estudantes. Com isso,
contorna-se o mecanicismo matemático das
aulas tradicionais de física, em que a
linguagem matemática torna-se um
obstáculo à aprendizagem dos conceitos
físicos, no lugar de ser uma forma de
estruturar e interpretar os fenômenos
naturais. Acreditamos que uma importante
implicação dessa análise é destacar, em
trabalhos de formação inicial e
continuada de professores, a importância
do uso das linguagens oral, escrita,
visual, gestual e matemática e a
necessidade da cooperação e da
especialização entre elas para promover
uma visão do fenômeno nelas.
Os autores Solino e
Gehlen (2014) estudaram a Abordagem
Temática Freiriana e o Ensino de
Ciências por Investigação (ENCI) que são
propostas de ensino cada vez mais
utilizadas nas pesquisas em educação em
Ciências, isso porque contemplam o
diálogo e a problematização no contexto
da prática educativa. Nesse sentido,
investigaram as articulações
epistemológicas e pedagógicas e
possíveis complementaridades entre ambas
as propostas, com a intenção de
contribuir para o processo de ensino e
aprendizagem de Ciências. Constataram
que há algumas semelhanças quanto à
concepção de sujeito e objeto de
conhecimento, o conceito de problema, a
conceituação científica e o papel da
contextualização. Assim como também há
particularidades no âmbito destes
aspectos e que caracterizam cada
proposta, a exemplo da ênfase na
dimensão conceitual dos problemas e da
contextualização social no ENCI e da
ênfase no aspecto humanizador dos
problemas e da contextualização
histórico-cultural na Abordagem Temática
Freiriana.
Com base nessas
relações, também foi possível
estabelecer complementaridades entre a
dinâmica dos Momentos Pedagógicos e as
etapas investigativas do ENCI. Isto é,
as etapas investigativas do ENCI, em
especial os problemas podem
potencializar a Organização do
Conhecimento e Aplicação do
Conhecimento; e as etapas dos Três
Momentos Pedagógicos, em especial a
problematização, podem contribuir para
alavancar os problemas conceituais do
ENCI, uma vez que os mesmos passam a
estar subordinados a uma temática de
amplo significado para os alunos. Essas
complementações podem possibilitar a
promoção da Alfabetização Científica,
objetivo tão almejado no ensino de
Ciências.
Já o trabalho de
Leiria e
Mataruco (2015) apresenta uma
discussão sobre a importância das
atividades experimentais no contexto
didático metodológico para a
aprendizagem significativa dos conceitos
das Ciências com ênfase na Física. Para
os autores é notório o papel de destaque
que essas atividades recebem dos
professores e dos estudantes de Física
em função da motivação que elas trazem
ao processo ensino aprendizagem. No
entanto, a questão é, como o professor
deve proceder durante a execução de um
experimento. Geralmente, a postura do
professor é apresentar uma ciência com
bases empíricas cuja única forma de
desenvolvimento é através da utilização
do método científico. Essa postura
conduz e afiança o processo tradicional
de ensino onde a memorização e a
reprodução são protagonistas do
processo, inibindo a criatividade ou o
desenvolvimento de outros modelos
teóricos que poderiam ser debatidos em
sala.
Nestas
condições as atividades experimentais se
tornam mais um exercício de fixação dos
conteúdos. Essa postura metodológica do
professor não está em acordo com as
teorias epistemológicas do século XXI e
deve ser repensada. Para os autores
Leiria e Mataruco (2015) a teoria da
Aprendizagem Significativa de David Paul
Ausubel discute como se dá a
aprendizagem significativa e como pode
ser utilizada no processo ensino e
aprendizagem das atividades
experimentais. Os autores concluíram
que essas atividades podem receber uma
conotação mais enriquecedora para o desenvolvimento
da criatividade do aluno, além do
auxílio na compreensão dos fenômenos
físicos, promovendo a aprendizagem
significativa quando os conteúdos já
conhecidos pelos alunos são considerados
pelo professor.
Pereira
et al. (2016) discutem a
aplicação e a importância da dilatação
linear em situações do dia-a-dia através
de uma atividade experimental. O
objetivo dos autores é despertar a
participação e o maior interesse dos
alunos pela física. Para se atingir esse
objetivo utilizou-se um equipamento que
foi desenvolvido conjuntamente com os
estudantes fazendo uso de materiais
alternativos e de baixo custo. A
proposta foi aplicada em uma escola da
rede pública na cidade de Pesqueira-PE.
Ela foi realizada seguindo uma
metodologia que considerou as concepções
prévias dos estudantes para fins de
comparação dos resultados obtidos após o
desenvolvimento da proposta. O trabalho
foi realizado em uma turma de segundo
ano do Ensino Médio. Para que houvesse
maior interação e troca de ideias entre
eles, no fim da atividade eles foram
separados em grupos para responder
algumas questões sobre a dilatação
térmica e assim ser possível detectar se
a experiência foi construtiva para o seu
conhecimento. Após análise dos dados
levantados por instrumento de pesquisa e
comparados com as respostas previamente
dadas no início da aula verificou-se que
houve um aumento significativo acerca do
fenômeno estudado. Comprovou-se através
desse trabalho que além de proporcionar
um maior interesse pelo processo de
ensino devido ao uso da experimentação,
esta favoreceu a construção de um
conhecimento mais significativo uma vez
que em suas respostas ficou claro que os
alunos perceberam o fenômeno em
situações do dia-a-dia bem como a sua
aplicação tecnológica. Concordamos com a
conclusão dos autores e evidenciam o
caráter motivacional e de construção
colaborativa do conhecimento
proporcionado pela atividade
experimental.
Rosa et al. (2016)
relatam a realização de uma atividade
experimental envolvendo o conteúdo de
condução de calor. O principal objetivo
foi servir como material de apoio para
que professores, tanto de Ensino Médio
como de Ensino Superior, possam
reproduzir a experiência com os seus
alunos. Primeiramente foram feitas
algumas considerações importantes sobre
o fenômeno de transmissão de calor por
condução. Na sequência, foi apresentada
uma proposta de roteiro para a
construção do equipamento com materiais
alternativos e de baixo custo. A
realização da atividade experimental foi
dividida em duas partes: na primeira,
foram utilizados termômetros
convencionais para a realização das
medidas de temperatura; na segunda,
foram inseridos os sensores de
temperatura e a placa Arduino, e o
experimento foi assistido pelo PC. Por
meio dessas atividades, foi possível
perceber as vantagens e limitações do
uso dessas tecnologias na realização do
experimento, assim como fazer uma
projeção do emprego desse método para
outros experimentos envolvendo medidas
de temperatura. Pretendemos utilizar
essas vantagens e tomar cuidado com as
limitações apresentadas nesse trabalho.
Esses autores,
mostraram que a inserção dos sensores e
da placa Arduino assistida pelo PC pode
se mostrar como um atrativo para a
realização da atividade, assim como
desenvolver a curiosidade dos estudantes
no que diz respeito ao funcionamento
dessas tecnologias. Em termos da
proposta de que o experimento seja
desenvolvido de maneira demonstrativa,
observaram que ele pode atuar como um
instigador da curiosidade dos alunos e
servir como fomento à busca por
pesquisar e discutir ciência. Além
disso, o uso de tecnologias, ainda que
de forma demonstrativa, remeteu o aluno
a uma aproximação da escola com as
situações vivenciais e cotidianas.
Outro autor que
utilizou atividades experimentais foi
Ribeiro
(2016). Suas atividades
envolveram associações de espelhos e
lentes, delineadas a partir de questões
de exames vestibulares. As questões são
apresentadas no formato original e
resolvidas de forma algébrica. A seguir,
as montagens experimentais são
apresentadas e discutidas. Os autores
argumentam que o trabalho de laboratório
muitas vezes é desconectado do trabalho
teórico centrado em exercícios didáticos
até mesmo na fase de avaliação e
valoração: é comum, tanto no ensino
superior quanto no médio, que haja
disciplinas distintas para o trabalho
teórico e experimental em física. Assim,
acreditamos que devem ser buscadas novas
oportunidades capazes de vincular essas
duas técnicas de aprendizagem, tão
fundamentais e complementares para a
construção do conhecimento em ciências.
Pereira
e Moreira (2017) apresentam uma
discussão sobre o papel das atividades
prático-experimentais no ensino de
física a partir de leituras dos autores.
Trata-se de uma reflexão sobre essas
atividades que são consideradas
essenciais a fim de minimizar as
dificuldades em aprender e ensinar. Para
tal, trouxeram autores que não somente
defendem seu uso como também aqueles que
são críticos sobre a função pedagógica
dessas atividades tal como são
realizadas, sobretudo entre os
pesquisadores que associam seu uso ao
reforço de uma visão ingênua e
positivista da ciência. Considerando o
processo de formação de professores que,
muitas vezes, não inclui essa discussão
e visa a atender a prerrogativa da
transmissão de conhecimento, formando
profissionais que valorizam os conteúdos
acima de tudo, que priorizam um modelo
de aula expositiva, mesmo quando
incorporam atividades
prático-experimentais.
Rocha e Guadagnini
(2014) apresentaram o projeto de um
sensor de pressão manométrica voltado ao
ensino de física experimental. Este
dispositivo permitiu a medida da pressão
de um sistema gasoso em comparação com a
pressão atmosférica local. O sensor é
composto de um transdutor de pressão
piezoresistivo e uma placa de
desenvolvimento Arduíno para
digitalização de leituras analógicas do
transdutor, com tratamento dos dados e
comunicação digital através da interface
USB. O sensor de pressão permitiu que os
dados de pressão fossem transferidos a
um computador e acompanhados ao longo da
execução de um experimento, com a
apresentação de tabelas e gráficos em
tempo real (Física em Tempo Real – FTR),
utilizando a ferramenta de aquisição de
dados PLX-DAQ e a planilha eletrônica
Excel. Também apresentaram a
possibilidade de uso deste dispositivo
em uma prática ilustrativa com balões de
látex dispostos num sistema físico que
pode ser facilmente reproduzido em um
laboratório didático de física
experimental ou mesmo numa sala de aula
comum. Os autores concluem se mostram
promissoras as práticas de ensino de
física que busquem a inovação no
laboratório didático, a possibilidade de
utilizar o recurso da FTR com uma classe
demonstrativa, ou pelo envolvimento de
estudantes em projetos
interdisciplinares.
Baldo et al. (2016)
apresentaram um projeto experimental
para a medição eletrônica da queda de
objetos em queda livre para fins
educacionais. O aparelho foi constituído
por um tubo de PVC, dentro das quais os
objetos são abandonados. Sensores de
movimento foram colocados no interior do
tubo, a distâncias regulares. Objetos
passando por eles disparavam um sinal,
que é coletado, processado pela
plataforma Arduino e enviado via porta
serial para um módulo XBEE. Este envia
dados remotamente para outro módulo XBEE
conectado a uma porta USB do computador,
onde um programa calcula a aceleração do
movimento e serve como interface do
usuário. Uma solução original foi
concebida para evitar a interferência
entre os sensores. Como estudo do caso,
as medidas da aceleração gravitacional
foram feitas com objetos de diferentes
massas e geometrias. Utilizados os
modelos sem e com resistência do ar e
obtiveram o coeficiente de arrasto. Além
de experimentos de movimento de objetos
pelo tubo explorado em física clássica,
alunos de Engenharia Elétrica e de
Controle e Automação se beneficiaram do
conhecimento obtido na construção de um
sistema de sensoriamento.
Lima e Ferreira
(2015) fizeram uma revisão das produções
científicas nacionais sobre o uso da
Robótica no Ensino da Física. Argumentam
que a contextualização dos conhecimentos
e a necessidade de entender como as
tecnologias do mundo contemporâneo se
articulam com os conhecimentos físicos
ensinados na educação escolar tem
despertado o interesse da pesquisa
científica. Os autores acreditam que a
Robótica Educacional cumpre bem este
papel e vem sendo bastante utilizada em
abordagens de ensino. Mapearam a
utilização fazendo uma revisão nas
publicações científicas nacionais, no
período de 2005 a 2014, em Revistas,
Eventos da área de Ensino de Ciências e
no Banco de Teses e Dissertações no
Portal de Periódicos da CAPES/MEC. Os
resultados indicaram que a quantidade de
trabalhos nesta área ainda é bastante
restrita, um pouco devido a recente
formação de seus grupos de pesquisa e da
carência de investimento em pesquisa
sobre as potencialidades da Robótica
como recurso didático, tendo maior
número de publicações produzidos por
grupos da área da Informática e
Computação. Sinalizaram a necessidade
premente de estudos sobre as
possibilidades, contribuições e
reflexões sobre as atividades didáticas
com o uso de Robótica no processo de
ensino e aprendizagem da Física.
Moura et al. (2019)
analisaram a realidade e as
possibilidades no ensino de uma prática
experimental em termometria utilizando
inovação tecnológica de baixo custo (Arduino),
aplicada em duas turmas de ensino médio
de escolas públicas da cidade de
Bragança, Pará, Brasil. Utilizaram como
identificar duas dimensões, a realidade
e as possibilidades, de acordo com a
dialética do materialismo histórico,
proposto por Cheptulin (2004). Os dados
foram coletados a partir da aplicação de
um questionário contendo perguntas
abertas e fechadas para o relato de
vivências e concepções dos alunos.
Concluíram que os alunos consideram os
conhecimentos de Física importantes para
o seu convívio em sociedade, o que, por
sua vez, lança a possibilidade de que os
experimentos na aula de Física devem ser
parte complementar do estudo teórico,
mostrando que a metodologia do uso de
experimento em sala de aula deve ser
executada pelo professor sempre que
possível, para esclarecer o assunto
estudando.
Achamos a proposta
de Moura et al. (2019) importante para o
Ensino de Física, porém discordamos da
sua conclusão. O uso de atividades
experimentais deve buscar muito além de
simplesmente esclarecer o assunto
estudado, concordando com Carvalho
(2010) essas atividades no Ensino de
Física deve buscar a enculturação
científica, ou seja, devem dar
oportunidades para que os alunos superem
as concepções empírico-indutivista da
Ciência, promovam a argumentação dos
alunos (pois a linguagem da Ciência é
argumentativa), incorporem as fermentas
matemáticas (mostrar o papel essencial
das matemáticas no desenvolvimento
científico) e proporcionem a
transposição do conhecimento aprendido
para a vida social.
Guedes (2017)
utilizou experimentos de
eletromagnetismo feitos com materiais
alternativos, ao longo de aulas
expositivas, com o intuito de promover a
integração teórico-prática visando à
melhoria da aprendizagem dos conteúdos,
por parte dos alunos. Para tanto, foi
construído um manual com quatro
atividades experimentais, contendo
textos sobre os fundamentos teóricos de
cada atividade experimental e
orientações sobre os procedimentos de
construção e realização dos
experimentos, bem como algumas questões
a serem respondidas pelos utilizadores,
ao longo da execução das atividades,
dentro da perspectiva de promoção da
integração teórico-prática. O trabalho
foi realizado com duas turmas da
terceira série do ensino médio de um
Colégio, na cidade de Trindade, GO,
sendo uma composta por 22 alunos e a
outra por 24. O estudo foi implementado
durante o primeiro semestre de 2016. A
metodologia de tomada de dados
incorporou observação participativa,
avaliações escritas tradicionais, ao
longo do semestre, e um questionário de
opinião de escolhas múltiplas. O autor
conclui que o mais impactante foi o de
que todos os alunos, que participaram
das atividades, afirmaram que os
experimentos os ajudaram a melhorar a
compreensão dos conceitos científicos
trabalhados.
O trabalho de
Santos (2017) descreve uma metodologia
de ensino de Física que vem sendo
implementada no Ensino Médio na ETEC
Profº Eudécio Luiz Vicente localizada na
cidade de Adamantina, SP. A proposta
valoriza a compreensão da ciência como
produção humana e fundamenta o processo
ensino de uma aprendizagem significativa
de Ausubel e na atividade experimental,
de modo a articular o conhecimento
formal da Física com os saberes do
aluno. Em comparação com o chamado
ensino tradicional, o que se propõe é um
ensino mais atraente para os alunos, com
ênfase na compreensão dos conceitos
físicos e na relação destes com
acontecimentos e fatos do dia a dia.
Neste trabalho é apresentada uma
proposta de inserção de experimentos de
baixo custo e fácil acesso, no ensino de
Física.
Durante sua
execução os alunos perceberam que os
experimentos, aliados à analogia dos
acontecimentos cotidianos, permitem a
facilitação da construção do
conhecimento. Foram realizados
experimentos de Física, em que o
aprendiz pudesse alcançar a compreensão
das Leis que regem: a Mecânica, na
Óptica, na Termologia, na Eletricidade,
Magnetismo e no Eletromagnetismo. No
final foi feito a montagem de 03 Kits de
Experimentos, 01 Kit para cada série do
Ensino Médio. Foi construído, também, um
site do qual traz várias informações
pertinentes ao desenvolvimento do
projeto. O envolvimento dos alunos foi,
inicialmente, empolgante para a
realização dos experimentos e o
rendimento escolar e a satisfação dos
alunos foi maior. Concluímos que este
trabalho ratifica a proposta de que o
aluno como construtor do seu próprio
conhecimento sente-se motivado e
compreende os conceitos científicos
tratados em sala de aula e consegue
visualizar sua aplicação em seu fazer
cotidiano.
Silva e Leal (2017)
apresentaram uma proposta de construção
de um laboratório de Física utilizando
materiais recicláveis e de baixo custo
que proporcione aos professores e alunos
da rede pública de ensino médio a
oportunidade de ter contato com
experimentos de Física, sem que sejam
necessários grandes investimentos
financeiros na aquisição de equipamentos
e de materiais de laboratório. Com o uso
de materiais de baixo custo são
propostos diversos experimentos
referentes aos fenômenos físicos nas
áreas da mecânica, ótica, eletricidade,
magnetismo, hidrostática, termologia e
física moderna que permitem de forma
direta e intuitiva a verificação dos
conteúdos apresentados nas aulas
teóricas, assim como, o desenvolvimento
de habilidades experimentais por parte
dos estudantes. Além disso, espera-se
que a introdução de experimentos
demonstrativos também contribua como
elemento fomentador da construção de um
pensamento científico e o
desenvolvimento da intuição física no
ambiente escolar. Este projeto teve a
participação dos estudantes do curso de
licenciatura em física da UERJ a
conclusão dos autores é que este projeto
contribuiu de forma significativa para
estimular o desenvolvimento de
habilidades experimentais nos futuros
licenciados em física, além disso foram
observadas significativas melhorias no
aproveitamento dos alunos do nível médio
que foi foco da aplicação da proposta de
trabalho.
Os pesquisadores
Rocha e Dickman (2016) apresentaram o
kit Caixa Mágica com experimentos de
termodinâmica para alunos do Ensino
Médio. Os experimentos utilizam material
de baixo custo, incluindo materiais
reciclados, facilmente adaptáveis em
salas de aula. A Caixa Mágica foi
testada em uma escola estadual com
alunos do segundo ano do ensino médio. O
impacto das experiências como estímulo
no processo de ensino e aprendizagem do
conteúdo de termodinâmica foi
investigado por meio de questionários
aplicados antes e após a experimentação.
O nível de acerto dos questionários
aumentou significativamente após os
experimentos, sugerindo que a abordagem
experimental é eficiente. Os autores
concluíram que os alunos apresentaram
uma grande motivação e compreenderam os
conceitos físicos relacionados com cada
atividade desenvolvida.
Encontramos ainda o
trabalho de Alves, Brod e Silva (2018),
desenvolvido em nosso próprio programa
de Pós-graduação, que teve como objetivo
desenvolver uma proposta de sequência
didática para analisar a robótica como
ferramenta pedagógica para aprofundar
conhecimentos científicos e/ou
tecnológicos da Termodinâmica. O estudo
consistiu em trabalhar conceitos de
Termodinâmica utilizando kits Arduino
com programação por meio do software
Scratch S4A. A avaliação do trabalho foi
desenvolvida por meio de entrevistas,
utilizando o Discurso do Sujeito
Coletivo (DSC) como metodologia de
análise. O trabalho foi desenvolvido com
alunos de duas turmas de primeiro ano do
Ensino Médio do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia
Sul-rio-grandense (IFSul) – Campus
Pelotas – Visconde da Graça (CaVG). O
trabalho apresentou conclusões bem
interessantes e conectadas com a
perspectiva em debate neste trabalho,
pois identificou que utilizar a robótica
na Física para o estudo da Termodinâmica
foi muito além do aspecto lúdico e de
conteúdo de Termodinâmica. Todas as
etapas, a saber a montagem, a construção
e a programação de sensores, juntamente
com o trabalho em grupo, contribuíram
para auxiliar no aprendizado de
conceitos científicos e/ou tecnológicos
dos estudantes, para estimular o uso da
linguagem científica, na busca por
conhecimento autônomo por meio da
exploração e da descoberta, na
aprendizagem do aprender fazendo e no
incentivo às relações humanas.
Tendo em vista os
trabalhos anteriores, mencionados nesta
seção, acredita-se que o ensino de
Física, e a respectiva formação de
professores para tal tarefa, é assunto
de interesse e justifica este projeto.
Buscar-se-á, pois, apoiar a estruturação
da metodologia e a elaboração do
hipertexto, nos resultados relevantes
apontados nestes estudos.